Se - Rudyard Kipling

Se 

Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
(Rudyard Kipling, em tradução de Guilherme Almeida)

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Conheci este profundo poema quando ainda era adolescente, em uma página de alguma revista em quadrinhos de super-heróis (talvez The Flash, não me recordo bem). Contextualizada na história em questão, era um tratado sobre a honradez e perseverança, sem esquecer nunca da dignidade, verdade e fé.
Até hoje, persiste como um tratado para a vida, um manual cheio de conselhos generosos para se alcançar a beleza de viver na plenitude da humildade, caráter e confiança.

Para saber sobre o autor e a inspiração para o poema, feito para o filho, siga o link.

Comentários

  1. Sim... foi numa história do "The Flash". Também a li. Nunca esqueci este poema!

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