Iron Maiden (2015) The Book of Souls


Em agosto de 2015, o Iron Maiden trouxe a luz mais um rebento de sua já grande discografia. O álbum 'The Book of Souls' (Warner Music), traz uma capa aparentemente simples, e que sintetiza bem a maturidade da banda em relação ao som. Sem distanciar-se demais do heavy metal clássico, souberam caminhar em direção ao futuro e à evolução, com músicas vigorosas, diretas e imponentes.

Apesar da tensão que alguns grupos enfrentam ao usarem fórmulas repetidas, perigando virar um clichê de si mesmas, mantendo sempre o mesmo rumo musical para agradar aos fãs mais xiitas, o Iron Maiden mostra competência com 'The Book of Souls', galgando os pilares de uma banda clássica e madura, inovando sem perder a identidade.
A grande novidade é que, pela primeira vez, a banda lança um CD duplo, já que as 11 músicas somam mais de uma hora e meia. Steve Harris conta um pouco do processo de gravação: "Muitas das faixas foram compostas enquanto estávamos no estúdio e as ensaiamos e gravamos enquanto elas ainda estavam frescas, e acho que esse imediatismo realmente aparece nas canções. Elas têm um sentimento de faixas 'ao vivo'".
Parte da grandiosidade do som do disco deve-se ao produtor estelar Kevin Shirley, que já trabalhou com Dream Theater, Led Zeppelin, Black Crowes, e com o próprio Maiden.

Começamos o review com a forte 'Death of Glory', com a bateria rebuscada de Nicko McBrain liderando o tom e o peso da música. Um refrão que remonta à época da fase 'Bring Your Daughter To The Slaughter', épico e interessante. Os solos alternados são a inspiração de sempre para que muitos garotos pluguem suas guitarras em Marshalls e incomodem muitos vizinhos.

A faixa título engana com um começo de clima intimista e céltico, trazendo em seguida um riff com vigor e peso. Lenta, cadenciada, contrapondo um riff em síncopa da banda toda, e ainda trazendo um sabor exótico com o arranjo de cordas. Milhas distante daquela banda heavy punk do primeiro disco!

Ôô oô ôo... 'The Red and the Black' é o novo hino da banda. Progressivamente épica, com aquele coro que une os headbangers em uma só voz nos shows, e ainda reserva um espaço para Steve Harris mostrar lirismo no baixo. Apesar dos 13 minutos, não é a música mais longa do álbum, mérito este para 'Empire of the Clouds' com 18 fantásticos minutos.

'Empire of the Clouds' não é só a mais longa faixa do CD, mas também a música mais longa já feita pela banda. Assinada apenas por Dickinson, começa surpreendentemente com um piano (!) tocado pelo vocalista, além de cordas e guitarras sem distorção. Muitos climas, variações, viradas, solos e momentos compõem esta longa viagem, sem entanto, resvalar para o prog rock tecnicamente complexo e sombrio de Dream Theater e bandas do gênero. Ainda é o Maiden de sempre.

'Wasted Years'? Não, mas 'Shadows of the Valley' tem a intro muito similar àquele hit, com a guitarra fazendo lick de corda solta e notas pedais. Mas a semelhança para por aí. A música tem vida própria, cheia de seções e partes distintas. O prato de condução de Nicko fica muito evidente em boa parte da música, e o riff das guitarras traz aquele saudosismo das twins guitars que tornaram o Maiden famoso.

O disco começa com 'If Eternity Should Fail', de autoria apenas de Dickinson, e foi escrita originalmente pensando num possível disco solo do cantor, mas que felizmente acabou entrando no disco da Donzela de Ferro, e provendo o disco de um clima solene, com as famosas 'cavalgadas'. Uma bela faixa de abertura! Mudanças de andamento fazem parte do DNA do Maiden, bem como as famosas guitarras em terças.

A música de trabalho, 'Speed of Light', ganhou um vídeo de grafismo caprichado, emulando jogos de videogames clássicos, combinando perfeitamente com a pegada ágil e poderosa da música. O cowbell do começo é um chamariz para a pegada viciante do tema.

'Tears of a Clown' (Smith, Harris) não traz grandes novidades, contendo uma fórmula de compasso composto antes dos solos.

A dupla Murray e Harris é a responsável por 'The Man of Sorrows', faixa que demonstra a intensidade da voz de Dickinson, a qual se destaca na mix. Aliás, é quase o mesmo nome de uma música que consta no disco solo de Bruce de 1997, 'Accident of Birth'.

Impossível ficar parado com o ritmo frenético de 'When the River Runs Deep', com velocidade parecida com 'Be Quick or be Dead'! Mesmo com uma mudança de andamento no meio, não perde o pique e consagra o estilo NWOBHM. Paulada! Mais um grande disco dos britânicos.

Pra finalizar: como a maioria já viu o vídeo oficial de 'Speed of Light', trago abaixo o making of.



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