Review: Fender Hot Rod Deluxe III


 Amplificador Fender Hot Rod Deluxe III de 40watts.

Meu primeiro amp valvulado. Há tempos venho me organizando e pesquisando pra comprar um amplificador profissional, que atendesse aos meus objetivos e sons. Que desse pra tocar em casa, tirar músicas, mas principalmente tivesse potência para soar bem em ensaios barulhentos e como retorno em grandes palcos. Acredito que fiz uma escolha acertada, pois o amp é muito versátil, tem um timbre lindo de clean, um drive com bastante médio, e fala MUITO ALTO!
Obs: a Fender lançou recentemente um modelo chamado Fender Hot Rod Deluxe SE, fabricado na China e com falante da própria Fender. Mas o modelo que comprei é o tradicional, feito no México, com falante Celestion.  

Para resenha-lo melhor, escolhi um texto do site Music Radar que faz uma análise bem minuciosa. Traduzi e adaptei o texto, o qual segue:


Fender Hot Rod Deluxe III Combo
Um dos amplificadores mais populares do mundo.

Por Mick Taylor (site Music Radar) em 29 de setembro de 2010.

O projeto dos amplificadores Hot Rod (Deluxe, Deville, Blues Jr.) começou em 1995 quando Ritchie Fliegler passou a trabalhar na Fender, vindo da empresa Marshall, e descontinuou os amps de maior sucesso da época – Blues DeVille e Blues Deluxe – e atualizou-os para o status de Hot Rod, adicionando um estágio extra de drive.

O canal clean dos amps Hot Rod são ótimos para serem usados com pedais, devido ao seu alto headroom e seu alcance dinâmico.

Em 2010, foi lançada a versão III, que inclui um novo painel, novos potenciômetros, um drive mais ‘tight’ (firme), e novos falantes.

O acabamento padrão é de Tolex preto (embora existam versões limitadas na cor vermelha, branca, sunburst, tweed, etc), e segue os modelos anteriores do Hot Rod.
A grande mudança na versão III é o painel de controle, que antes era prateado (metálico espelhado), com os textos dos botões de ponta cabeça.
Agora, este painel é preto, com os letterings (textos dos botões) virados para a frente do amp, de modo que o músico possa ler os controles estando de frente para a caixa. Parece uma pequena mudança, mas é algo que os usuários das versões anteriores sempre reclamavam.

Os controles permanecem os mesmos das versões anteriores, com 2 canais alimentados por um trio de válvulas 12AX7. Há duas entradas, a primeira de 1 mega-ohm, e uma segunda mais baixa, que atenua um pouco os agudos e o volume geral, indicada para tocar em quartos e ensaiar em baixos volumes, bem como para usar com guitarras com captadores de alta saída ou buscando um som mais aveludado na praia do jazz.

O canal normal (clean) tem um único botão de volume sem controle de master, e há um switch de bright para um brilho extra, além do botão de presence se você quer ainda mais destaque neste canal. Seria interessante se o amp tivesse um controle de volume master separado além do botão de volume, o que contribuiria em versatilidade, principalmente em baixos volumes, onde seria fácil de balancear com os canais de drive, mas a Fender escolheu manter tudo mais simples por aqui.
O segundo canal (drive) possui um modo adicional chamado ‘more drive’ selecionável pelo painel ou pelo footswitch incluso. Com este foot de dois botões, você pode ter 3 sons a seus pés – limpo, drive e ainda mais drive.

As duas principais mudanças em relações às outras versões da linha Hot Rod estão neste canal de drive: a Fender afirma que a distorção da versão III está mais ‘tight’, mais firme, mais dura, mais ‘na cara’, com mais ataque e menos embolado nas cordas graves. Isto é o que diz Shane Nicholas, gerente sênior da Fender.
E os controles de volume e agudo estão agora mais graduais.

“O amp Hot Rod Deluxe tinha uma fama, entre alguns usuários, de ser baixinho no volume 1 e1/2 e barulhento no volume 2”, diz Shane Nicholas. “Então, nós mudamos a curva do controle para uma melhor e mais suave resposta. Fizemos o mesmo com o controle de agudos. Isso é apreciado principalmente pelos músicos que usam o amp em casa”.
Claro que pode parecer estranho que alguém compre um Hot Rod Deluxe de 40w pra tocar apenas em casa, mas não importa, o pessoal da Fender entedeu que seria uma enorme vantagem entre os músicos e realizou essa mudança significativa.

“O reverb do Hot Rod é de encharcar mesmo, o som profundo que emana do amp quando este controle alto é quase surreal, e faz você tocar frases ‘stacatto’ com pausas bruscas só para sentir a resposta do reverb, bem como dedilhar acordes e frases melódicas o dia todo”.
Há ainda os jacks ‘Preamp Out’ e ‘Power Amp’, que são na verdade o send e return do amp, para poder usar pedais e efeitos entre o pré e o power do amplificador. Não há controle individual nesta seção, então pode ser que haja alguns problemas de volume com alguns pedais que não tenham seus próprios controles de atenuação.

Falando em pedais, não existe diferença em plugar certos pedais diretamente no input do amp ou no loop (send/return), principalmente pedais de drive. O canal normal (clean) do amp acomoda muito bem pedais, devido ao seu alto headroom e alcance dinâmico, e esta versão III é ainda melhor que seus predecessores. Claro que é interessante testar pedais de ambiência (delas/reverbs) dentro do send return, pois ficarão depois do drive do amp e responderão melhor, sem embolar. Try it!

Uma questão pertinente são os cabos muito fininhos do tanque de reverb. Seria interessante troca-los futuramente.
O reverb não é movido a válvulas como nos modelos mais profissionais da Fender, como o Super Sonic ou os modelos vintage ou reissue. Mas ainda assim é clássico, e nada de digital.


E uma das mudanças mais significativas nesta versão III é o falante Celestion (na versão padrão, o modelo é o G12P-80) no fim do power do amp, movido por duas válvulas 6L6. Antes, o falante usado era da marca Eminence.
Substituir o falante sempre foi uma modificação comum a usuários dos Hot Rods, então a Fender entendeu e decidiu por este Celestion, que não é tão distante assim de um Celestion Seventy 80.


Sonoridade
O som clássico limpo de Fender é a característica mais marcante de um amp equipado com válvulas 6L6. Este Hot Rod tem todo aquele ‘shimmer’ e brilho para fazer captadores single-coils cintilarem, mas sem esquecer do grave preenchedor e de um médio levemente esculpido (scooped).
É interessante que o dito acima funciona bem quando usado com uma guitarra e um cabo de alta qualidade!
Conforme você vai aumentando o volume deste canal e também a sua ‘pegada’, vai sentindo um leve overdrive, especialmente se estiver usando guitarras com humbucker. Mas estamos falando de volume alto mesmo. Com ou sem pedais, este canal pode ultrapassar o volume de muitos bateristas!
O reverb é doce, estilo old-school e bastante interessante, mas pode começar a ficar indefinido se você passar o controle ‘acima do meio dia’, e começa a ficar em desvantagem quando comparado com circuitos mais avançados, como os dos amps Vox AC30 e Mesa Lone Star. Ainda assim, é infinitamente melhor que muitos reverbs digitais de outros amps de valor menor ou igual a esse.
O canal de drive realmente mudou bastante em relação aos Hot Rods anteriores. Há uma tendência para o Overdrive soar perturbadoramente interessante, especialmente com single coils.

Mudando o canal para o modo ‘More Drive’, o Hot Rod Deluxe III notadamente apresenta uma distorção mais rica, com mais ‘harmônicos musicais’, e não fica lamacenta, embolada, a menos que você adicione muito grave na equalização.
Há ainda muito high-end, ou seja, aqueles agudos cortantes neste canal, o que é especialmente poderoso para humbuckers e guitarras com som mais velado, como stratos e teles vintages. Se sua guitarra é moderna, você certamente irá querer diminuir um pouco o tone do seu instrumento.
Este amp tem bastante drive; com o controle no máximo, é cheio, saturado, no estilo dos blues de Gary Moore, com ricos médios de boutique, e atende bem até em áreas de heavy metal clássico, especialmente se você diminuir os médios.
Saindo do modo ‘More Drive’ e voltando ao canal Drive (o led muda de vermelho para verde), o ganho adapta-se bem a um crunch rock ou a um blues. Dependendo da guitarra, pode soar mais suave, com um timbre tipo Hendrix ou SRV, ou mais estridente e quase punk como Artic Monkeys ou Strokes, ou ainda pode soar como classic rock. (nota do tradutor: usando caps vintages SSL-1 na minha strato, o canal More Drive lembra a atitude de Joe Walsh em Life’s Been Good).

Os dois canais (clean e drive/more drive) compartilham os mesmos controles de EQ, mas apesar disso parece haver um consenso e equilíbrio entre os canais. Nota-se que ao colocar o controle de drive entre 5 e 9 (vai até 12), dá pra tocar a maior parte dos blues e classic rocks (dependendo sempre do tipo de guitarra usada).

Analisando o falante, é realmente uma melhora em relação ao Eminence. É menos espinhos nos médio-agudos e nos graves na maioria das situações.
Enfim, um amp ‘superb’. Fender acerta a mão em prover este amp de amplo leque de tons, do clássico clean famoso da marca, até a sons mais saturados e repletos de harmônicos.
O Hot Rod é famoso desde que foi lançado, mas este updates (drive mais forte, controles melhorados e um falante melhor), são mudanças que todos os músicos irão aprovar.
O único fator a se ater com atenção neste Hot Rod Deluxe III é a maneira com que você interage com ele. Como não há equalizadores para cada canal, nem controles separados de ganhos para os modos drive/more drive, a versatilidade deste amp depende também dos controles da sua guitarra e dos seus dedos, claro.

Não são muitos amps que oferecem a dinâmica e flexibilidade do Hot Rod, e isso é algo positivo a se considerar em adquiri-lo
Os amps Hot Rod Deluxe são populares por uma boa razão, e esta versão III cheia de upgrades pretende prosseguir esta excelente reputação.

(tradução/adaptação: Marcelo Donati)


Comentários

  1. Maravilhoso review, obrigado

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  2. olá, tenho um e quando liga algo no send return mata o som do ampli..perfe muito volume e brilho concorda?

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  3. Eu tenho um desse, e realmente o clean dele é maravilhoso. Não consegui um drive legal, mas eu acho que é apenas questão de equalização.

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