John Mayer - Sob Rock (2021) Resenha


John Mayer lançou alguns singles nos últimos anos, e neste ano de 2021, juntou-as a novas tracks e compilou o álbum Sob Rock. Boa parte da sonoridade (e visual dos vídeos) remete aos anos 80, seja no clipe exagerado de "New Light", seja no espírito claptoniano de 'Last Train Home'. A capa também é influenciada pelo Yatch Rock e AOR dos anos 80, inclusive com o selo 'Nice Price' que vinha nos discos com valor promocional.

'Last Train Home' é a faixa que abre o disco, e seu timbre de stratocaster distorcida e com chorus tem muito de Eric Clapton (que usava amps Soldano nos anos 80/90, bem como o efeito de chorus na guitarra). O vídeo desta música é inspirado no vídeo de 'Forever Man', de Eric Clapton, e inclusive o tecladista atual da banda de Mayer, Greg Phillingaines, tocou com Clapton. Com a percussão de Lenny Castro, a música também ganha um ar da banda Toto. É uma música deliciosamente pop, com teclados em evidência e backing vocais da cantora Maren Morris.

'Shouldn't Matter but It Does' é a primeira balada do disco, com violões e teclados etéreos dos anos 80, lembrando o clima de artistas como Phil Collins bem como é imbuída de um sentimento country, já presente em outras fases de Mayer.

'New Light' foi um hit com ares exóticos quando foi lançada em  2018 e agora, anexada ao disco novo, cumpre o clima oitentista ao trazer guitarras e um clima funk pop, com um solo 'cantável'. 

'Why You No Love Me' é a próxima balada, trazendo mais 'espaçamento' e suavidade, com harmonias embelezadas pelo pedal steel, lembrando coisas do The Eagles. Alguns clichês harmônicos presentes no refrão reforçam o clima pop new wave, mas tudo com a maestria e elegância de John Mayer, que faz um solo curto com sua indelével marca registrada.

A mixagem da voz em 'Wild Blue' tem um recurso de dobra/echo que lembra bastante produções dos anos 80 e 90. O timbre da guitarra no solo lembram invariavalmente Mark Knopfler no auge do Dire Straits, outra sólida instituição dos anos 80.

Com título bastante clichê, 'Shot in the Dark' (opa, Ozzy tem uma música com esse nome!) soma o clima country com as baladas melosas de outrora, e o solo cheio de sustain é prazeroso e certeiro. Mais uma música que não apresenta nada de novo mas por isso mesmo não decepciona, pois mostra um John Mayer mais maduro.

'I Guess I Just Feel Like' também já havia sido apresentada antes. Suave, acústica, casa perfeitamente com o disco com esse ar calmo e cheio de detalhes interessantes, como as guitarras celestiais ao longo da música, e o solo de timbre majestoso e feeling absurdo que mostram o quão grande guitarrista Mayer sempre foi.

Voltamos aos anos 80  com 'Til the Right One Comes', mais uma música tranquila do álbum, onde o artista mais uma vez mostra que não precisa provar nada pra ninguém.

'Carry Me Away' é outra faixa que já havia sido apresentada antes. Com o piano dando o tom, tem um ritmo mais animado, mas mantendo o clima romântico, e o refrão pegajoso. No baixo, o grande (e também notório personagem dos anos 80) Pino Palladino.

A guitarra com trêmolo de trilha sonora de filme em 'All I Want Is to Be With You' é mais um deleite sonoro, e esta música fecha o álbum com elegância e garbo, com um solo em fade out que deixa a gente, guitarrista, com vontade de ouvir mais. Com certeza, nos shows, essas músicas ganharão solos mais longos. Por isso, Mayer privilegia a canção, mantendo todas as faixas de Sob Rock com curta duração.

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