Menos agudo, por favor.
"Menos agudo, por favor."
Eis o meu simples conselho para quem toca guitarras do tipo strato, principalmente que toca e que gosta de uma vibe mais vintage: diminua um pouco o controle de tone da sua guitarra.
Parece uma coisa boba, sem importância, mas para alguns estilos isto é fundamental.
Quem toca em bandas de rock, classic rock, progressive rock, e som autoral calcado em sonoridade mais antiga, precisa saber que, com o advento da digitalização sonora e industrial, muitas frequências agudas e super agudas passaram a ser ouvidas e sentidas. Porém, naquelas gravações dos discos clássicos dos anos 70, como Pink Floyd e Hendrix, p. ex., não havia essa abundância de agudo.
Além do mais, hoje os equipamentos, de uma forma geral, são mais bem acabados, mais bem-feitos, visando justamente cobrir e destacar todas as frequências possíveis.
Sendo assim, é realmente interessante, ao tocar um classic rock numa strato, abaixar o controle de tone na guitarra, bem como regular o amp deixando o agudo flat ou mais baixo que o médio.
Inclusive, os pequenos amplificadores transistorizados de hoje em dia, com falantes pequenos, tendem a serem bastante abelhudos, sobrando agudos.
Em um amp valvulado de média potência, o 'calor' sonoro favorecerá os harmônicos, porém sem rachar os agudos. Já num amp SS (transistor), é comum se aumentar o agudo para justamente fazer o som aparecer, porém é perigoso o som ficar extremamente irritante, devido ao intenso agudo.
Outra coisa importante: em pedais Wah-Wah true-bypass, a tendência é manter-se o som o mais íntegro possível, e alguns destes pedais -quando ligados- logicamente injetam agudo na hora em que se aperta o pedal 'no talo', portanto, é necessário regular o tone da guitarra para que o efeito não fique ardido, principalmente em sons cleans.
Com distorção e drive, também é muito interessante tirar um pouco dos agudos do instrumento, para que as notas (solos ou bases) soem bonitas, 'cantantes' (como diz um reviewer famoso), sem 'judiar' do ouvido. O som muito agudo cansa o aparelho auditivo, criando uma fadiga que faz com que se perca um pouco da vontade de ouvir aquele som por muito tempo.
À princípio, parece que, fazendo isso, você o risco de não ser ouvido dentro uma banda, numa situação ao vivo. É lógico que os demais instrumentos também precisam estar devidamente regulados, porém a dica é, principalmente em um solo, aumentar o médio do amp - e até da mesa de som, se for o caso - e diminuir um pouco os agudos, para que o solo fique 'na cara', sem ficar irritante.
A guitarra - no contexto rock, pelo menos - é um instrumento que atua na frequência média, não pode ter muito grave para não embolar com o baixo e o bumbo (somente em alguns casos específicos), e não pode ficar muito agudo, para não competir com teclados, sopros, pratos. Mas precisa de médios para aparecer.
É uma dica bastante simples, mas MUITO importante num contexto ao vivo, para não chatear os ouvintes e produzir um som mais redondo, mais musical - e que cative seu público!
Marcelo Donati, 08 de novembro de 2013
PS. Uma intervenção no texto, quase um depois: Outra coisa BASTANTE interessante é zerar o tone da guitarra referente ao captador da ponte, e usar este captador com drive moderado ou mesmo com distorção. É o timbre de Mark Knopfler em 'Money for Nothing', e Clapton costuma fazer isso na época do Cream. Fica um som anasalado, com bastante médio e justamente sem sobra de agudos.
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